Luta de classes na psicanálise

O surpreendente no antagonismo que existe entre Freud e Jung é até que ponto ele continua atual: quase um século depois de seu aparecimento, o ódio mútuo continua forte. Nas últimas décadas, a psicanálise foi a grande perdedora para a enxurrada da psiquiatria farmacológica e cognitivo-behaviorista. Enquanto isso, a teoria junguiana continuou firme e até ampliou sua hegemonia no campo da ideologia popular. Jung não é apenas um verdadeiro autor best-seller -pelo intermédio de Joseph Campbell, que o popularizou, ele chegou ao ponto de desempenhar papel formador nas origens do universo de “Guerra nas Estrelas”. De onde vem essa popularidade contínua? É simples: Jung promete a reconciliação entre a ciência e a espiritualidade gnóstica, oferecendo uma espiritualidade fundamentada diretamente na pesquisa científica. Em seus escritos, encontramos, lado a lado, referências à física quântica, a pesquisas empíricas, à astrologia, à crença no reino espiritual oculto “mais profundo” etc. O inconsciente junguiano não é mais aquele dos impulsos sexuais reprimidos, mas o da libido dessexuada, dos poderes espirituais que ultrapassam o ego consciente. Para os junguianos, Freud permanece no nível do naturalismo biológico-sexual vulgar, ao passo que Jung reconciliaria o inconsciente com a espiritualidade “mais profunda”. Contrariando todas as aparências, não é fácil definir a diferença entre Jung e Freud. A primeira associação que fazemos consiste em dizer: “Sim, é claro -contra Freud, Jung afirmou os arquétipos e o inconsciente coletivo”. Quando Freud trata de um caso de claustrofobia, ele sempre inicia a busca por alguma experiência traumática singular que esteja na raiz dessa fobia. O medo de ambientes fechados em geral seria baseado numa experiência de enclausuramento. Esse procedimento freudiano deve ser distinguido da busca junguiana por arquétipos: para Freud, a origem não é uma experiência traumática universal e paradigmática (por exemplo, o medo de permanecer encerrado no útero da mãe), mas alguma experiência singular que, possivelmente, tenha uma ligação inteiramente contingente, externa a um espaço fechado. E se eu tiver testemunhado alguma cena traumática/ que pode ter acontecido em algum outro lugar/ num espaço fechado?

Sistema de raízes

Mas a distinção-chave não é essa. Jacques Lacan afirmava que a verdadeira fórmula do materialismo não é “Deus não existe”, mas “Deus é inconsciente”. Basta recordar que, numa carta escrita a Max Brod, Milena Jesenska escreveu sobre Kafka: “Sobretudo, coisas como dinheiro, Bolsa de Valores, a administração de divisas, máquinas de escrever são, para ele, inteiramente místicas (o que elas efetivamente são, não apenas para nós, os outros)”. Devemos ler essa afirmação contra o pano de fundo da análise feita por Marx do fetichismo de produtos: a ilusão fetichista está em nossa vida social real, não na percepção que dela temos. Um sujeito burguês sabe muito bem que não existe nada de mágico no dinheiro, que ele é apenas um objeto que

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simboliza um conjunto de relações sociais. Mesmo assim, ele age na vida real como se acreditasse que o dinheiro é uma coisa mágica. Assim, isso nos fornece um insight preciso sobre o universo de Kafka: ele foi capaz de vivenciar diretamente essas crenças fantasmáticas que nós, pessoas “normais”, rejeitamos. A “magia” de Kafka é aquilo que Marx gostava de descrever como a “esquisitice teológica” dos produtos. Esse “Deus é inconsciente” de Lacan não deve ser confundido com a tese “new age” junguiana oposta, de que “o inconsciente é Deus”. A diferença entre as duas, a diferença da inversão entre sujeito e predicado, diz respeito à oposição entre verdade e mentira. O “Deus é inconsciente” de Lacan aponta para a falsidade fundamental que fornece a unidade fantasmática de uma pessoa: o que encontramos quando vamos buscar no núcleo mais profundo de nossa personalidade não é nosso verdadeiro “self”, mas a falsidade primordial (“proton/ pseudos”) -todos nós, em segredo, acreditamos no “grande Outro” (essa oposição é exatamente a mesma que existe entre “o sonho é vida” e “a vida é sonho”. Enquanto a primeira declaração visa à afirmação nietzschiana do sonho como experiência de vida integral, a segunda expressa a atitude de desespero melancólico à la Calderón: o que é a vida senão um sonho vão, uma sombra pálida, sem substância?). Contrastando com ela, “o inconsciente é Deus” significa que a verdade divina reside na profundeza inexplorada de nossa personalidade: Deus é a substância espiritual interna mais profunda de nosso ser, que encontramos quando penetramos em nosso verdadeiro “self”. E, à medida que, nessa perspectiva junguiana, o inconsciente é um grande sistema de raízes escondidas que nutre a consciência, não surpreende que já tenha sido Jung, muito antes de Gilles Deleuze, quem explicitamente o tenha descrito como um rizoma: “A vida sempre me pareceu ser como uma planta que se nutre de seu rizoma. Sua verdadeira vida é invisível, oculta no rizoma. (…) O que enxergamos é a flor, que é passageira. O rizoma permanece” [“Memórias, Sonhos e Reflexões”, ed. Nova Fronteira”. O pano de fundo religioso dessa distinção é o espaço que separa o universo judaico-cristão daquele do gnosticismo pagão. Quando, pouco antes da ruptura entre eles, Freud confiou a Jung a presidência da Associação Psicanalítica Internacional, ele o fez em parte como estratégia desesperada para cortar o cordão umbilical judaico da psicanálise e torná-la aceitável aos não-judeus -mas a aposta não deu certo. Devemos recordar o famoso dito de Heródoto com relação à Esfinge (“os enigmas dos antigos egípcios eram enigmas também para os próprios egípcios”), que aponta para o vínculo estreito entre o judaísmo e a psicanálise: em ambos os casos, o foco é no encontro traumático com o abismo do Outro que deseja. O encontro do povo judaico com seu Deus, cujo chamado impenetrável os afasta dos caminhos da rotina do cotidiano humano; o encontro da criança com o enigma do gozo do Outro. Essa característica parece distinguir o “paradigma” judaico-psicanalítico não apenas de qualquer versão do paganismo e do gnosticismo (com sua ênfase sobre a autopurificação espiritual interior, sobre a virtude como a realização de nossos potenciais mais profundos) mas também, e não menos, do cristianismo. Afinal, este último não “supera” o caráter de “Outro” do Deus judaico por meio do princípio do amor, da reconciliação/ unificação de Deus e do homem no tornar-se homem de Deus?

Jornada interior

Tanto o paganismo quanto o gnosticismo (a reinscrição da postura judaico-cristã no paganismo) enfatizam a “jornada interior” de autopurificação espiritual, o retorno a nosso verdadeiro eu interior, a redescoberta do eu, formando um contraste claro com a idéia judaico-cristão de um encontro traumático externo (o chamado divino lançado ao povo judeu, o chamado de Deus a Abraão, a Graça inescrutável -todos totalmente incompatíveis com nossas características “inerentes”, até mesmo com nossa ética “natural” inata).

Kierkegaard tinha razão: é Sócrates versus Cristo, a jornada interior do relembrar versus o renascimento por meio do choque do encontro externo. Nisso reside, também, o espaço último que

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vai eternamente separar Freud de Jung: enquanto o insight original de Freud diz respeito ao encontro externo traumático com a Coisa que incorpora o gozo, Jung reinscreve o tópico do inconsciente na problemática gnóstica padrão da jornada espiritual interior de autodescoberta.

Assim Freud é totalmente moderno: a noção freudiana de um ato falho (por exemplo, algo que se diz sem querer) enfatiza sua contingência radical. A interpretação freudiana não discerne nele um “significado mais profundo” (“era predeterminado que isso acontecesse comigo”), mas simplesmente deixa visível como, de maneira totalmente contingente, um “desejo” inconsciente se ligou a um elemento ou acontecimento cotidiano e superficial de uma maneira que não possui nenhuma ligação inerente com ele. E, o que é ainda mais radical, os próprios elementos constituintes básicos da identidade do sujeito -os significantes em torno do qual seu universo simbólico se cristalizou, a fantasia fundamental que fornece as coordenadas de seu desejo- resultam de uma série de encontros traumáticos contingentes. A ciência moderna é estritamente correlativa à afirmação da contingência universal (que, é evidente, não se opõe à necessidade causal, mas funciona como seu anverso inerente: a necessidade causal opera sob a forma de regras que regulamentam a interminável interação “contingente” -sem sentido- de elementos). Assim, o que a interpretação freudiana envolve é uma teoria materialista e “moderna” do próprio significado. Quanto a seu status ontológico, o significado é estritamente secundário, uma maneira de “internalizar” o choque traumático de algum encontro contingente anterior. Não existe nenhum “significado mais profundo” por baixo da contingência de acontecimentos; pelo contrário, é o próprio significado que designa a maneira pela qual um sujeito finito consegue lidar com a insuportável contingência do “destino da carne”. Por exemplo, quando eu me apaixono profundamente, realmente, parece que “toda a minha vida anterior foi apenas uma preparação para o momento mágico em que conheci você” -e o objetivo da interpretação freudiana é justamente “desconstruir” essa ilusão retroativa, trazendo à tona as características simbólicas contingentes em razão das quais eu me apaixonei. Formando um contraste claro com Freud, a reinscrição junguiana da psicanálise dentro dos limites da sabedoria pré-moderna envolve a ressubstancialização maciça da sexualidade: o masculino e o feminino são postulados como os dois aspectos complementares da psique humana, cujo equilíbrio precisa ser mantido (cada homem precisa redescobrir o aspecto feminino de sua psique e vice-versa) -o exato oposto do construcionismo à moda de Judith Butler, que concebe a identidade sexual como sendo produzida discursivamente pela encenação física e a sedimentação gradual.

Sabedoria “new age”

A Profecia Celestina” [ed. Objetiva], de James Redfield, é exemplar no que diz respeito a esse viés antimodernista da sabedoria “new age”: postula como a primeira “nova mensagem” que vai abrir o caminho para o “despertar espiritual” da humanidade a consciência de que não existem encontros contingentes. Ou seja, como nossa energia psíquica faz parte da energia do próprio universo, que, em segredo, determina o rumo das coisas, os encontros contingentes externos sempre portam uma mensagem endereçada a nós, a nossa situação concreta. Eles ocorrem como resposta a nossas necessidades e perguntas (por exemplo, se determinado problema está me preocupando e algo inesperado acontece -um amigo que eu não via há muito tempo me faz uma visita, alguma coisa dá errado em meu trabalho, por exemplo-, esse acidente com certeza contém uma mensagem referente a meu problema). Assim, concluindo, vamos dar um exemplo artístico que encena essa passagem de Freud a Jung: o romance de ficção científica “Solaris” [1962″, de Stanislav Lem, e sua adaptação para o cinema, feita por Andrei Tarkóvski em 1972. Tanto o livro quanto o filme narram a mesma história: a do psicólogo de uma agência espacial, Kelvin, que é enviado a uma nave espacial semi-abandonada que sobrevoa um planeta recém-descoberto, Solaris, onde fatos

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estranhos vêm acontecendo recentemente (cientistas enlouquecem, têm alucinações e se matam). Solaris é um planeta cuja superfície é oceânica, fluida e se move incessantemente. De tempos em tempos, ela assume formas reconhecíveis, não apenas complexas estruturas geométricas, mas também corpos infantis gigantes ou edifícios humanos. Embora todas as tentativas de comunicação com o planeta fracassem, Kelvin acaba por compreender que Solaris é um cérebro gigantesco que, de alguma maneira, lê nossos pensamentos e materializa nossas fantasias mais profundas. É aqui que devemos rejeitar a leitura junguiana de “Solaris”: o xis da questão de Solaris não é apenas projeção-materialização dos ímpetos internos não reconhecidos do sujeito (homem) -muito mais crucial do que isso é que, para que essa “projeção” possa acontecer, é preciso que a Outra Coisa impenetrável (o planeta Solaris) já exista. Assim, o verdadeiro enigma é a presença dessa Coisa. O problema com Tarkóvski é que fica claro que ele próprio opta pela leitura junguiana, segundo a qual a jornada externa do herói é apenas a externalização e/ou projeção da jornada iniciática interna rumo às profundezas de sua psique. Formando um contraste claro com isso, o livro de Lem focaliza a presença inerte e externa do planeta Solaris, dessa “Coisa que pensa” (usando a expressão de Kant, que cabe perfeitamente aqui): o xis do livro é justamente que Solaris permanece um Outro impenetrável, sem nenhuma comunicação possível conosco. É verdade que ele nos remete a nossas fantasias mais profundas e negadas, mas a questão subjacente a esse ato permanece totalmente impenetrável: por que ele o faz? Como resposta puramente mecânica? Para brincar conosco de maneira demoníaca? Para nos ajudar -ou forçar- a confrontar nossa verdade negada?

 

Flutuações políticas

Esses indicativos breves deixam claro o que realmente está em questão na oposição Freud e Jung. Sim, é uma disputa entre materialismo e idealismo -só que “materialismo”, neste contexto, não significa naturalismo vulgar, mas a afirmativa plena da contingência radical de nosso ser. “Freud contra Jung” simboliza a modernidade contra o falso obscurantismo pós-moderno. E, paradoxalmente, é o próprio “essencialismo” de Jung que o expõe a flutuações políticas acidentais. No início dos anos 1930, quando Hitler chegou ao poder, Jung foi pró-nazista por um curto período: ele assumiu a presidência da Sociedade Alemã de Psicologia, para coordená-la com as exigências dos “novos tempos”.

Mais sinistra, porém, do que esse “erro” talvez tenha sido a facilidade com que Jung mais tarde mudou sua posição e assumiu postura antinazista, usando basicamente os mesmos termos e conceitos por meio dos quais, anteriormente, tinha legitimado o nazismo.

Por Slavoj Zizek

Slavoj Zizek é filósofo esloveno, professor do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É autor de “Eles Não Sabem O Que Fazem” (Jorge Zahar) e “Um Mapa da Ideologia” (Contraponto). Escreve todo mês na seção “Autores”, do Mais!.

Tradução de Clara Allain.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0707200211.htm

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Transtorno Obsessivo Compulsivo: um artigo para entender e sentir

O Transtorno Obsessivo Compulsivo é caracterizado por obsessões e compulsões, sendo uma doença paralisante e incapacitante  que afeta todas as áreas da vida.

O TOC, sigla para o Transtorno Obsessivo Compulsivo, é um tipo de distúrbio de ansiedade que se caracteriza basicamente por obsessões, compulsões ou a modalidade mista destes dois sintomas.

Acomete de 3 a 4% da população, independentemente de ser homens, mulheres ou crianças, sendo o quarto lugar em índice de atendimentos dentre os transtornos psiquiátricos.

O TOC pode ocasionar outras comorbidades, como por exemplo, a compulsão alimentar. Trinta por cento dos pacientes apresentam também tiques motores.

Geralmente o TOC inicia-se na infância e principalmente na adolescência. No entanto, também é comum entre os adultos.

Pacientes expostos a fatores ambientais estressógenos e com historia de trauma psicologico, tendem a aumentar ou agravar o distúrbio. O tratamento é prolongado, podendo durar de 3 a 6 meses.

É importante elucidar que o TOC não é uma doença e sim um transtorno. A doença é causado por micróbios, vírus, etc. O transtorno, diferente da doença tem como característica principal ser de ordem multifatorial: fatores genéticos, hormonais, biopsicofisiológicos (disfunção química cerebral), genética comportamental e a estória de vida do paciente, revelam a complexidade da etiologia do TOC. As somatizações tendem a ser exacerbadas neste quadro clinico, bem como características a exemplificar: perfeccionismo exagerado, simetria, organização de objetos por categorias (cores, tamanhos, etc). O Transtorno Obsessivo Compulsivo é caracterizado por obsessões e compulsões.

Abaixo, uma animação que deixa clara a falta de limites da pessoa que não consegue dar fim às compulsões:

O que são obsessões e compulsões?

As obsessões são ideias ou pensamentos intrusivos, invasivos e recorrentes, que sobrevém a mente do paciente sem que ele tenha controle. O TOC é a “doença da culpa”, pois quem sofre deste distúrbio tem pensamentos intrusivos, geralmente de teor agressivo e sexual caracterizados pela absurdidade.

Deste modo, diante dos pensamentos invasivos, existe um enorme sentimento de culpa em pensar, por exemplo, em fazer algum mal a alguém (Ex.: matar, torturar), em ter relações sexuais com santos, com os filhos, com a mãe ou o pai. Deste modo, é um dos transtornos que causa imenso sofrimento psíquico, visto que a pessoa sabe da improcedência, da incoerência e da absurdidade destes pensamentos, mas ao mesmo tempo não tem controle sobre eles, causando, deste modo muito desconforto emocional, culpa, vergonha e ansiedade.

A função do ritual é baixar a ansiedade, mas ao mesmo tempo, este torna-se um hábito constante na vida do indivíduo, fortalecendo, deste modo o círculo vicioso “ritual-pensamento-ritual”, e consequentemente reforçando o próprio TOC. Os pacientes perdem muito tempo com esses rituais (de verificação, simetria, limpeza, etc.), de modo que afeta ou prejudica todas as áreas da vida:

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pessoal, familiar, lavorativa, social, etc. Por exemplo, chegar atrasado ao trabalho ou a um compromisso por conta da execução dos rituais

As compulsões são comportamentos ritualísticos, portanto repetitivos, e tem por objetivo, neutralizar as obsessões ou pensamentos intrusivos, causando alívio temporário à angustia gerada por estes pensamentos obsessivos.

A função do ritual é baixar a ansiedade, mas ao mesmo tempo, este torna-se um hábito constante na vida do indivíduo, fortalecendo, deste modo o círculo vicioso “ritual-pensamento-ritual”, e consequentemente reforçando o próprio TOC. Os pacientes perdem muito tempo com esses rituais (de verificação, simetria, limpeza, etc.), de modo que afeta ou prejudica todas as áreas da vida: pessoal, familiar, lavorativa, social, etc. Por exemplo, chegar atrasado ao trabalho ou a um compromisso por conta da execução dos rituais.

Por este motivo, o TOC é uma doença paralisante e incapacitante em que afeta todas as áreas da vida.

 

Temos como exemplo de rituais no TOC: lavar as mãos muitas vezes ao dia, abrir e fechar diversas vezes a porta no intuito de se convencer que de fato ela está fechada. Este processo vale para as luzes do aposento, a porta do carro, etc.

O ritual de conferência é uma característica muito forte para quem sofre deste transtorno, bem como a questão do medo apresenta também papel relevante no disturbio, pois o portador acredita que se ele não realizar os rituais, vai acontecer algo de muito ruim com ele ou com pessoas queridas, familiares, amigos, a ele mesmo, causando, desta forma, muito sofrimento psíquico.

Traços de personalidade e TOC:

Algumas pessoas apresentam alguns traços de personalidade que podem ser confundidos com o TOC, mas que não chega a caracterizar a doença. Todos nós temos algumas manias, gostamos de limpeza e das coisas organizadas.

O que caracteriza o TOC é sua disfuncionalidade comportamental, exacerbação emocional, sofrimento psíquico intenso e prejuízo nas áreas da vida. O TOC incapacita a pessoa de ter uma vida normal.

 

As principais modalidades do Transtorno Obsessivo-Compulsivo são:

 

1- TOC por Medo de contaminação:

 

é caracterizado principalmente pelo comportamento de evitação. O paciente evita: sentar-se em bancos públicos, utilizar copos e talheres de restaurantes, evitar o contato físico, por exemplo, no momento de apresentar-se a alguém por medo de contaminação por germes. Deste modo, o TOC é caracterizado pela exclusividade comportamental.

 

2- TOC por Acúmulo de objetos:

 

é caracterizado por amontoar objetos que o paciente acredita que em algum momento será útil ou que tenha um valor afetivo significativo. O acúmulo destes utensílios, pode chegar a dimensões gigantescas caracterizando-se como entulho, o que impossibilita as pessoas de viver dentro da própria casa, pois não há mais espaço para nada. Vale a pena salientar que o TOC por acúmulo de entulhos é muito diferente do colecionismo. O colecionismo não se caracteriza como disfuncionalidade e nem impede a pessoa de ter uma vida normal. Por exemplo: uma pessoa pode ter uma coleção de selos, de porta-chaves, ou de qualquer objeto, sem que com isso se configure uma patologia.

 

3- TOC por ordem e simetria:

 

 

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Todos nós temos a necessidade de ter uma vida organizada, pois a organização do ambiente externo é importante também para nossa organização interna. Produzimos melhor em um ambiente organizado e isto facilita a vida e não se configura como uma patologia. No entanto, TOC de ordem e simetria é a exacerbação desta necessidade de organização, como por exemplo: objetos, utensílios ou quaisquer outros materiais devem estar em ordem por categoria, seja de cor, de formato ou tamanho. Caso a ordem destes objetos sejam modificadas, causa intensa angústia no paciente. Neste tipo de TOC, os talheres, os copos, as cadeiras e quadros devem estar milimetricamente alinhados. Em uma pessoa que é organizada e que não sofre de TOC, ela pode olhar algo fora do lugar e não sofrer com isto. Já no paciente, o simples fato de ter algo fora do lugar é motivo para o gatilho da ansiedade.

 

4- TOC por mania de limpeza:

 

O paciente com esta modalidade de TOC acredita que por mais que limpe a casa ou que tenha uma higiene pessoal satisfatória, sempre vai existir resquícios de sujeira ou germes, que precisam ser removidos, reiniciando-se assim, todo o processo de limpeza e gastando tempo significativo. Como uma das características do TOC é o perfeccionismo, a pessoa sempre vai achar que o trabalho está incompleto. Uma pessoa pode gastar até 6 horas em um ritual de banho. Tem pacientes que lavam tanto as mãos que chegam a lesioná-las. Outra característica é a constante troca de roupas de cama e toalhas de banho.

 

5- TOC de Comportamento de superstição:

 

A superstição faz parte da nossa cultura. Há quem diga que no Ano Novo o aconselhável é vestir determinadas cores de roupas, pois isto atrairá bons fluidos. Tem quem acredite que sete ondas de costas no mar, eliminam cargas negativas, ou mesmo tem pessoas que não gostam de passar por debaixo de escadas. Existe uma certa legitimidade nestes comportamentos, já que tem uma convenção social acerca destas crenças, e o fato de não fazê-las não acarretaria sofrimento para as pessoas. Mas quem sofre de TOC é bem diferente. Neste caso, as superstições são “levadas muito a sério”, é patológico, pois caso use uma determinada cor (quando não deveria usar) ou por exemplo, veja um gato preto, ou pronuncie palavras que para eles são de mau agouro ou que possa trazer algum tipo de azar ou infortúnio, é motivo suficiente para causar imensa angústia. Neste caso, mais uma vez, eles se utilizam de rituais para anular os efeitos “maléficos” que estas ocasiões reportam e que se não forem feitos os rituais, trariam acontecimentos catastróficos.

 

6- TOC de verificação:

 

Esta modalidade é bastante comum e se caracteriza, como o próprio nome sugere, uma necessidade constante de verificar, por exemplo, se a porta da casa ou do carro foi fechada. O mesmo serve para a verificação do desligamento de luzes e de fios de eletricidade tais como ferro de engomar e ventilador. Às vezes, pode acontecer que, em um dia em que estamos mais distraídos ou preocupados, não tivemos uma observação sucinta que de fato fechamos a porta, ou que desligamos o ferro de engomar. No caso do TOC, a pessoa não confere somente uma vez. Ela sente a necessidade de checar várias vezes e, mesmo convencida de que o procedimento foi feito, ela volta a controlar se realmente a porta, a luz ou o ventilador fechou.

A questão da contagem e numeração no TOC:

 

Em todas as modalidades de TOC, o paciente apresenta o ritual de contagem. Por exemplo: para entrar em um aposento, bate-se a porta determinado número de vezes; para colocar os chinelos nos pés tira-se e retira-se várias vezes; lava-se as mãos por exemplo 3 vezes ou mais. A contagem varia de paciente para paciente. Isto acontece, porque o paciente de TOC possui um substrato de personalidade com características perfeccionistas. Neste caso a repetição acontece porque o

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paciente não se “convenceu” de que realizou aquela atividade de maneira satisfatória. Com relação a numeração, o paciente tem preferência por números pares, pois os números ímpares seriam incompletos e não preencheriam o requisito “perfeição”, que como foi corroborado, é muito forte neste tipo de transtorno.

Intervenções terapêuticas:

 

O TOC tem tratamento e o quanto mais cedo for diagnosticado, melhor o prognóstico do paciente. Para que o tratamento tenha resultado satisfatório, é necessário associar medicação e psicoterapia, principalmente a TCC ou terapia cognitivo-comportamental, que tem se mostrado muito eficiente em casos de Transtornos de Ansiedade em geral e particularmente no transtorno obsessivo-compulsivo. No caso de pacientes em estado grave ou refratários, ou seja, pacientes que não respondem ao tratamento, a ultima opção é recorrer à eletroterapia e à neurocirurgia.

 

TOC e Sociedade:

 

É imprescindível contextualizar a saúde mental com a nossa sociedade ocidental contemporânea. Hoje, vivemos no nosso limite. A competitividade, a descartabilidade, a busca pela perfeição, a realização de atividades simultâneas, com prazo de tempo para entrega, faz com que a pessoa viva com uma sobrecarga física e emocional sem precedentes, sendo a causa para o surgimento de sintomas psicossomáticos que nos alertam constantemente que precisamos de uma pausa. Temos que admitir que criamos uma sociedade doentia, sem qualidade de vida. Para reverter este quadro é necessário rever nossa conduta diária e avaliar os pontos que necessitam ser modificados; e isto é totalmente personalizado e urgente.

 

TOC e ajuda familiar:

 

O tratamento do TOC deve ser obrigatoriamente sistêmico, ou seja, ter apoio familiar. Para este fim, é necessário orientar os familiares e as pessoas que convivem com o paciente para que estes não se acomodem com os sintomas e nem os reforcem. Em outras palavras, a família não deve compactuar com as manias e os rituais do paciente. Por exemplo: a regra é lavar as mãos apenas uma vez antes das refeições e não várias vezes; não ter exclusividade de talheres e copos se estes estiverem devidamente higienizados. Para uma maior eficácia, o tratamento do TOC deve se estender da clínica para a residência do paciente através do grupo de apoio social, que consiste na família e amigos do membro da família com TOC.

Em alguns casos, o problema se complica, pois na convivência familiar, internalizamos os preocupantes, as manias, etc. Quando existe um membro da familia que tem essa referência de lidar com as situações de maneira rígida, inflexível e que também tem suas manias, pode ser um reforçador para o membro que está doente. Faz-se necessário, neste caso específico, a psicoterapia familiar, pois alguns membros da família podem apresentar o TOC subclínico, mas que é um agravante para o membro que apresenta o TOC propriamente dito.

Psicologia preventiva e psicoeducação:

Quando falamos em saúde física ou saúde mental, é imprescindível nominar estes dois conceitos: Psicologia preventiva e psicoeducação.

Infelizmente não temos uma cultura voltada para a prevenção. Tenho observado este fenômeno não só no Brasil, mas também em outros países, em outras culturas. O que acontece é que geralmente o paciente só procura o profissional de saúde quando o problema já está deflagrado, ou seja, quando o quadro clínico da doença já está em evolução. Com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo não é diferente, e ainda é pior, pois devido à sintomatologia característica dos sintomas obsessivos (Ex.: pensamentos bizarros de ordem sexual ou violentos), bem como os comportamentos compulsivos ou ritualísticos que podem ser motivo de zombaria ou escárnio social, o paciente tende a se isolar, a esconder estas características da doença. Por este motivo, é muito comum comorbidades como depressão e fobia social neste transtorno.

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Sendo assim, é necessário diagnosticar e tratar precocemente o TOC para que este não evolua para um quadro mais grave e com comorbidades (Transtornos secundários).

Por este motivo, é importante realizar um trabalho psicoeducativo junto à população, esclarecendo acerca das características do transtorno, dos principais sintomas, da questão genética familiar, caso tenha um membro da família que já teve TOC, pois quanto mais cedo for diagnosticado e tratado, melhor para a qualidade de vida do paciente.

 

 

Por. Soraya Rodrigues de Aragão –

 

 

Fonte:http://www.contioutra.com/transtorno-obsessivo-compulsivo-um-artigo-para-entender-e-sentir/#ixzz43A55nytB

 

 

 

 

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Um teste para o transtorno bipolar

E para a esquizofrenia também. Cientistas paulistas criam exame capaz de diagnosticar as duas doenças a partir de amostra de sangue

 

A TEMPO A médica Elisa diz que o exame ajudará no diagnóstico precoce

 

Um dos maiores obstáculos ao tratamento de doenças psiquiátricas é a inexistência de testes laboratoriais capazes de confirmar os diagnósticos. Hoje, a identificação dos casos se dá por meio de avaliação clínica, o que deixa margem a erros desastrosos. Muita gente sai sem saber que está doente, enquanto outros podem ser medicados sem necessidade. Por essa razão, centros de pesquisa do mundo todo buscam desenvolver exames simples por meio dos quais seria possível fazer a detecção da depressão, por exemplo, a partir de uma amostra de sangue ou de urina.

Na semana passada, pesquisadores brasileiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciaram a criação de um desses exames. É o primeiro desenvolvido no País. O recurso diagnostica transtorno bipolar e esquizofrenia e utiliza uma pequena quantidade de sangue como base. Por meio do teste, são identificados diferentes grupos de lipídios (moléculas de gordura) associados previamente às duas enfermidades.

O teste foi desenvolvido com a participação de 150 pacientes atendidos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e na Unifesp. Ele afere a quantidade das substâncias relacionadas às doenças ou registra a sua presença. No primeiro caso, concentrações diferentes das encontradas em indivíduos saudáveis confirmam o diagnóstico. No segundo, a simples existência de determinado composto já é suficiente para dar a resposta.

Os cientistas já pediram a patente do exame. Eles calculam que, após o desenvolvimento da tecnologia por alguma empresa interessada, ainda serão necessários pelo menos mais cinco anos antes de o teste ficar disponível. “Mas é um recurso muito promissor”, diz a psiquiatra Elisa Brietzke, da Unifesp, uma das participantes do trabalho que levou à criação do exame. “É uma esperança para ajudar no diagnóstico precoce e mais preciso das doenças mentais.”

 

“O exame é uma esperança para a detecção mais precisa das doenças”

Elisa Brietzke, Unifesp (SP)

 

A identificação do transtorno bipolar figura entre as mais difíceis pelos médicos. Isso porque o paciente pode alternar momentos de mania, euforia, com períodos de depressão. Esta é uma das razões pelas quais encontrar exames específicos tornou-se um dos principais projetos na área da neuropsiquiatria, um ramo relativamente novo da ciência médica que investiga as conexões entre as bases fisiológicas cerebrais e o surgimento de enfermidades mentais.

 

Depressão como alvo

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Há pelo menos mais dois testes em desenvolvimento, além do criado pela parceria Unifesp-Unicamp. Na Inglaterra, cientistas da University College of London trabalham em um exame capaz de apontar o risco de uma criança se tornar bipolar na vida adulta. O recurso mede a concentração da interleucina-6, composto produzido pelo corpo para induzir uma resposta inflamatória depois de uma infecção ou trauma.

Estudos anteriores demonstraram uma relação entre a substância e a doença. No experimento inglês, 1,7 mil pessoas foram acompanhadas em dois momentos: aos nove anos e depois, aos 22. Os pesquisadores constataram que, quanto mais elevada a quantidade de interleucina-6 na infância, maior o risco de as crianças manifestarem a doença quando adultas.

Cientistas da Turquia acabaram de publicar na revista científica Neuropsychiatric Disease and Treatment os resultados de uma pesquisa apontando de que maneira medir a concentração de células sanguíneas – entre elas as células brancas – pode servir para diagnosticar a enfermidade.

Avanços semelhantes são observados contra a depressão. Como na maioria das doenças psiquiátricas, há extrema dificuldade no diagnóstico e no tratamento – em média, apenas 30% dos pacientes respondem bem aos antidepressivos. Recentemente, pesquisadores da Medical University of Graz, na Áustria, divulgaram a descoberta de uma cadeia de aminoácidos associados à doença. A informação servirá de fundamento para um teste diagnóstico.

Na Inglaterra, o King´s College London produziu um exame de sangue que auxilia o médico a encontrar o melhor antidepressivo para o paciente. Segundo o teste, aqueles com maior concentração de uma substância inflamatória provavelmente não responderão bem aos antidepressivos antigos e precisam de drogas mais potentes. São recursos como esses que tornarão o combate às doenças mentais muito mais efetivo do que o praticado hoje.

 

 

BEM MAIS SIMPLES

Há diversas pesquisas no mundo para a criação de testes sanguíneos e de urina que detectam transtornos mentais

 

COMO FUNCIONAM

Identificam no sangue ou urina substâncias associadas às doenças

 

TRANSTORNO BIPOLAR

  • Uma das substâncias detectadas é a interleucina-6. Trata-se de um composto fabricado para estimular uma resposta inflamatória a um trauma ou infecção. Quanto maior sua concentração na infância, maior a chance de sintomas na vida adulta

 

  • Também há pesquisas que relacionam as concentrações de células sanguíneas, como plaquetas e células-brancas, à manifestação da doença

 

ESQUIZOFRENIA

  • Nos Estados Unidos, cientistas estudam teste que mede a quantidade de um fator de crescimento de vasos sanguíneos (VEGF) vinculado ao aparecimento da enfermidade. Quanto maior, mais elevado o risco

 

  • 15 marcadores de inflamação, estresse oxidativo, metabolismo e hormônios relacionados à doença estão sendo usados em teste desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte

 

TRANSTORNO BIPOLAR E ESQUIZOFRENIA

  • O teste criado pela Unicamp e Unifesp usa a ressonância magnética nuclear para identificar marcadores presentes no sangue e associados às duas doenças

 

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DEPRESSÃO

 

Uma cadeia de aminoácidos (BCAAs) foi relacionada ao surgimento da doença em estudo recém-publicado por pesquisadores austríacos. Os cientistas acreditam que poderá ser um indicador da enfermidade

 

  • Outro trabalho levantou marcadores em amostras de urina. A medição das substâncias ajudou na diferenciação entre depressão e transtorno bipolar

 

 

Por. Cilene Pereira

 

Fonte: http://istoe.com.br/um-teste-para-o-transtorno-bipolar-e-a-esquizofrenia/

 

 

 

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Quem falou em sexo frágil?

A presença da mulher no mercado de trabalho reflete o atual cenário social, cultural e empresarial: uma ocupação cada vez maior e significativa da força e da lide rança femininas

 

por Eduardo Shinyashiki

 

Hoje encontramos a presença de grandes mulheres no ambiente corporativo, na gestão de empresas e até na liderança de países. Esse cenário representa uma memorável transformação, no entanto ainda estamos distantes da igualdade entre homens e mulheres no ambiente profissional.

 

A mulher ainda precisa lidar com os preconceitos, com a falta de flexibilidade das empresas e com as limitações culturais. A estrutura do trabalho, em geral, não favorece as exigências da família e as mulheres são as mais penalizadas.

 

A pesquisa Women in Business 2015, da Grant Thornton, revelou que o Brasil é o terceiro país com menos mulheres em cargos de liderança. De acordo com o estudo, o índice de presença feminina em posições mais altas nas organizações vem caindo com o passar dos anos. Em 2013, por exemplo, 33% das empresas não tinham colaboradoras em cargos de comando. Em 2014, o número subiu para 47% e este ano chegou a 57%.

 

Apesar do cenário desmotivador, ainda é possível diminuir a distância entre o sonho e a realidade de contemplarmos um equilíbrio entre homens e mulheres no mercado de trabalho, principalmente em cargos de liderança. O principal desafio da mulher, nesse contexto, é transformar as próprias crenças limitantes e também as do ambiente externo.

 

A partir de quando mudamos os nossos condicionamentos limitantes, temos a oportunidade de direcionar o foco, manter a identidade e assumir as próprias capacidades e qualidades de liderança, que são cada vez mais consideradas importantes para promover mudanças nas organizações e para guiar os colaboradores aos novos desafios que exigem resiliência e adaptação.

 

É importante que a mulher reconheça o seu papel profissional, valorizando as suas potencialidades e competências, aprofundando o autoconhecimento e a inteligência emocional e tendo claros os objetivos da sua carreira e as suas prioridades pessoais.

 

O grande dilema visto pelo contexto externo é de que a mulher possui uma sobrecarga e precisa equilibrar a carreira, a família e os relacionamentos, ou seja, a vida pessoal com a profissional. Imaginemos a mulher que, além de líder, também é mãe. Ela vive um desafio constante, como o malabarista que, com habilidade, joga as bolinhas no ar e as pega de volta. Seria como pegar

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de volta as “bolinhas” do escritório, da casa, do marido, dos filhos, dos amigos e de si mesma. Por isso, é muito importante lidar com cada área da vida com sabedoria e força femininas.

 

Diante das pressões do dia a dia é importante ter uma direção clara (o sonho), uma sólida bússola (os valores) e saber quais são as etapas do caminho (os objetivos). É preciso ainda viver de acordo com os próprios sonhos e aspirações, criando relacionamentos interpessoais verdadeiros e profundos, conectar-se com a própria espiritualidade e força interior e organizar o tempo.

Agora, com a reflexão sobre atual cenário e as definições do perfil de liderança da mulher, podemos falar das diferenças entre a liderança feminina e a masculina.

 

A liderança da mulher é diferente, tendo como origem o papel cultural e tradicional que, paradoxalmente, permitiu o desenvolvimento de algumas características importantes nos cargos de liderança como, por exemplo, a tendência de criar comportamentos cooperativos e de dar mais atenção ao outro.

 

A LIDE RANÇA DA MULHER É DIFERENTE , TE NDO COMO ORIGE M O PAPEL CULTURAL E TRAD ICIONAL, COMO A TE NDÊNCIA DE CRIAR COMPORTA MENTOS COOPERATIVOS E DE DA R MAIS ATE NÇÃO AO OUTRO

 

Outras diferenças em relação à liderança masculina, partindo de uma visão ampla e geral, são: a mulher tem um pensamento mais sistêmico, em “redes”, mais atento aos fatos e informações diferentes, e é mais rápida em fazer conexões entre uma informação e a outra em maneiras criativas; já o homem tem um pensamento mais focado, mais ligado às estratégias e procedimentos. A mulher tem mais capacidade de criar e manter relacionamentos e utiliza melhor a comunicação, a empatia e a mediação. Ela entra em acordos e tem habilidade para motivar os colaboradores. O homem, por sua vez, tem maior capacidade de atenção e avaliação das situações concretas e de planejar e construir projetos.

As mulheres conseguem ser mais inovadoras e perceber as oportunidades. Elas se adaptam às mudanças e a novos contextos com mais flexibilidade, pois são menos ligadas a paradigmas profissionais do passado. O homem é mais influenciado pela tradição, pelas experiências passadas e na maioria das vezes quer minimizar os riscos e manter o que funciona.

 

A utilização do cérebro também é diferente entre homens e mulheres. Os homens têm 6,5 vezes a massa cinzenta das mulheres, que está ligada à inteligência geral, enquanto as mulheres têm 10 vezes a massa branca do homem, que tem a função de relacionar as áreas do cérebro entre elas.

A mulher usa mais o lobo frontal do cérebro, área ligada ao processo de tomada de decisão e às emoções. Já o homem tende a aproveitar uma área mais ampla do córtex cerebral, relacionada ao raciocínio. Por isso o cérebro feminino tem mais facilidade em elaborar a realidade de diferentes maneiras e o masculino concentra-se no real e lógico.

 

É evidente que todas essas características, femininas ou masculinas, são ótimas e necessárias para uma organização. O ideal é permitir um mix delas, promovendo um equilíbrio no ambiente corporativo, em que homens e mulheres se encontram, cada vez mais, caminhando juntos, afinal o sucesso também é conquistado com as diferenças.

 

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