O Yin e o Yang…..

“Sim, o corpo fala. Quanto mais eu estudo a medicina chinesa, mais essas coisas fazem sentido. A dor na “alma” gera a dor física, a doença… por isso oriento tanto meus amados pacientes a cuidarem de suas emoções… Não trate apenas dos sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta. A cura real somente acontece do interior para o exterior…. sim, diga a seu médico que você tem dor no peito, mas diga também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia. Conte a seu médico que você tem azia, mas descubra o  motivo pelo qual você, com gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago. Relate que você tem diabetes. No entanto, não esqueça de dizer também que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustações. Mencione que você sofre de enxaqueca, todavia confesse que padece com seu perfeccionismo ,  com a autocrítica, que é muito sensível á critica alheia e demasiadamente ansioso. Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo. Não querem mudar de vida… procuram a cura de um câncer, mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa. Pretendem a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.

Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência. Pedem a solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas. suplicam auxílio para os problemas de tireoide, mas não cuidam de suas frustações e ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.

Imploram a cura de um nódulo de mama, todavia, insistem em manter bloqueada a ternura e a afetividade por conta das feridas emocionais do passado. Clamam pela intercessão divina, porém permanecem surdos aos gritos de socorro que partem de pessoas muito próximas de si mesmo. Deus nos fala através de mil modos; a enfermidade é um deles e, por certo, o principal recado que lhe chega da sabedoria divina é que está faltando mais amor e harmonia em sua vida.

Toda cura é sempre uma autocura….

Autor: Dr. André Luiz

 

 

  Edif. Itabuna Trade Center- sala 911 e 912, Av. Princesa Isabel, 395, Banco Raso- Itabuna (BA).

CEP: 45.607-291 – Tel.: (73) 3212-7070 / 8882-8060

E-mail: clinica_persona@yahoo.com.br

 

 

As pessoas conflituosas criam ambientes tóxicos por onde passam

As pessoas conflituosas, exigentes e carentes de empatia criam ambientes tóxicos nos quais a negatividade é contagiante, inclusive capaz de nos deixar doentes. É uma realidade que reparamos de imediato em muitos contextos familiares e profissionais, onde o ar parece viciado, onde o estresse é físico, o medo é palpável e a infelicidade, um vírus implacável.

Os especialistas em ambiente de trabalho costumam diferenciar em qualquer empresa aquilo que é conhecido como “ambiente tóxico versus ambiente nutritivo”. Curiosamente, é algo que é possível identificar quase que instantaneamente. É claro que existem variáveis padronizadas que têm como finalidade fazer essa medição de forma objetiva e rigorosa, no entanto, às vezes basta caminhar por uma empresa para sentir a tensão, o desconforto estrutural e a pressão que marca o rosto dos funcionários e dos diferentes departamentos.

 “ALGUMAS PESSOAS CAUSAM FELICIDADE ONDE QUER QUE CHEGUEM, OUTRAS A PROPORCIONAM QUANDO SE VÃO”.
-OSCAR WILDE-

O mesmo ocorre a nível familiar. O tipo de linguagem utilizada, o tom e até mesmo a atitude de cada um de seus protagonistas destila essa complexidade emocional que se impregna no ambiente e em toda a dinâmica familiar. Os ambientes tóxicos existem e transcendem aos seus próprios inquilinos até o ponto de passar para terceiros, porque o clima de um ambiente é composto de sentimentos adversos, de incertezas, de um idioma agressivo e de um estresse sistêmico do qual é muito difícil se defender.

A seguir, propomos que você aprofunde seus conhecimentos sobre este tema.

O império da infelicidade nos ambientes tóxicos

Sabemos que o termo “pessoas tóxicas” está na moda. No entanto, temos que ter cuidado na hora de utilizá-lo, pois muitas vezes podemos abusar dele. Às vezes, por trás dessa etiqueta pode existir, na verdade, alguém que está passando por uma depressão, um transtorno de ansiedade ou qualquer problema clínico. É preciso ter cautela, prudência e sensibilidade ao tratar do tema.

Por outro lado, algo que certamente é muito claro é o clima que é criado em torno dessas outras personalidades caracterizadas por conflitos, abusos e a completa falta de empatia ou de proximidade com aqueles que fazem parte do seu dia a dia.

Há alguns anos a revista “Fortune“, acostumada a estabelecer rankings, criou uma lista das melhores empresas do mundo para trabalhar. Ela não usou o salário nem os benefícios dessas empresas como variáveis para fazer essa avaliação. O que foi analisado foi o nível de satisfação dos funcionários. Curiosamente, algo que perceberam no estudo é que grande parte das empresas tem no DNA de sua estrutura o vírus da toxicidade, e além disso, é algo sistêmico e crônico.

Às vezes não é suficiente substituir os gerentes. A própria estrutura e a política de determinadas empresas criaram um ambiente crônico baseado no controle, onde alcançar os objetivos era mais importante do que o bem-estar dos funcionários, e na cultura da “cabeça baixa”, onde é melhor calar e assumir para poder manter o emprego.

Pouco a pouco, o império da infelicidade, do medo e da incerteza cresce nas mentes de todo o capital humano desses ambientes tóxicos, limitando uma verdadeira produtividade, a inovação, a criatividade e, acima de tudo, a saúde.

A necessidade de construir ambientes “nutritivos”

Ao longo da nossa vida, iremos encontrar pessoas conflituosas em qualquer lugar. No entanto, algo que temos claro é que nem sempre poderemos criar distância, nem sempre é tão fácil romper o vínculo e se afastar com pelo menos duas cidades de distância, para cultivar um silêncio saudável e a segurança de não ver mais essa pessoa. Algumas vezes esse núcleo conflituoso está na nossa própria casa ou no nosso trabalho, esses ambientes tóxicos dos quais não podemos sair.

“O PNEU MAIS DETERIORADO DO CARRO É O QUE FAZ MAIS BARULHO.”

Há alguns anos, e a título de curiosidade, surgiu no mercado de trabalho a figura do “diretor da felicidade ou coaching do bem-estar”. Trata-se de uma pessoa formada e especializada no tema que teria como objetivo criar um ambiente de confiança e de comunicação adequado, onde seus funcionários se sentissem verdadeiramente felizes e valorizados. Embora algo tão básico garanta sem dúvida a produtividade da própria empresa, é um aspecto que não costumamos ver com frequência. Pelo menos por enquanto.

Temos que tentar mudar políticas, mentalidades e perspectivas. Na verdade, não falamos só de melhorar os ambientes de trabalho, falamos também da necessidade de implementar novas dinâmicas nas escolas: o primeiro contexto onde se formam as gerações futuras. Os ambientes nutritivos são identificados por terem um sentido de permanência, onde se defende o respeito e a dignidade pessoal, onde se favorece a criatividade, o crescimento pessoal e uma empatia autêntica, próxima e palpável.

Sejamos, então, os arquitetos de cenários mais humanos, começando sem dúvida por aqueles que temos mais próximos, aqueles onde nos desenvolvemos todos os dias. É uma tarefa que certamente vale a pena.

 

Fonte: https://www.psicologiasdobrasil.com.br/pessoas-conflituosas-criam-ambientes-toxicos-por-onde-passam/

 

 

 

Edif. Itabuna Trade Center- sala 911 e 912, Av. Princesa Isabel, 395, Banco Raso- Itabuna (BA).

CEP: 45.607-291 – Tel.: (73) 3212-7070 / 8882-8060

E-mail: clinica_persona@yahoo.com.br

Fisioterapia Respiratória

Fisio respiratoria

É chegada a temporada das viroses. Nesse período a permanência nas escolas e creches facilita a transmissão de vírus e de bactérias, trazendo problemas para as crianças.
Durante o período de inverno, o sistema imunológico da criança está enfraquecido pelo frio. Devido a este, a mucosa respiratória recebe menos sangue e para se defender gera mais muco (secreção). Este muco, juntamente com vírus e bactérias, reduz a eficácia das defesas, sendo mais fácil a criança ficar doente.
Na fisioterapia respiratória o seu filho tem os seguintes benefícios: melhora da tosse, eliminação das secreções, aumento da mobilidade torácica, diminuição do esforço respiratório, fortalecimento da musculatura respiratória e prevenção de complicações. Em muitos casos, os sintomas persistem durante semanas ou meses.
A fisioterapia respiratória, associada à terapia  farmacológica indicada pelo médico, facilita a remoção das secreções mais profundas, diminuindo o tempo de recuperação, podendo levar a menor necessidade de medicação posteriormente.
Uma criança com o nariz entupido não consegue respirar direito e a alimentação  torna-se uma tortura. Alem disso, a tosse excessiva facilita o vômito. Em suma, melhorando a respiração nasal e eliminando a expectoração acumulada na garganta o apetite volta ao normal, ocorre a melhora do sono, melhorando a qualidade de vida da criança e dos pais.
Uma criança que cresce com infeções respiratórias frequentes tem maior probabilidade de ser um adulto com doenças respiratórias. Evite recidivas de doenças nessa época e melhore a sua vida e de seu filho com a fisioterapia respiratória.
Nathalia Freire
Fisioterapeuta Infantil
Crefito: 81045-F
#fisioterapiainfantil #fisioterapiapediatrica #fisioterapiamotora #fisioterapiarespiratoria #fisioinfantil #fisioneuroinfantil #estimulacaoprecoce #intervencaoprecoce #fisioinfantilitabuna #fisioinfantilpersona #personaitabuna #nathfreirefisio #atendimentodomiciliar

Não se vingue. Quem dá o troco é comerciante, mas quem cobra a conta é a vida!

Muitas vezes nessa vida, a gente se vê cheio de vontade (e razão!) de “dar o troco” em alguém que nos enganou e magoou.

Nós nos pegamos desejando que o mal que a pessoa nos fez, volte para ela, na mesma proporção.

Embora não devamos querer vingança ou desejar o pior para alguém, somos humanos, não é mesmo?

E como humanos, somos cheios de imperfeições e está tudo bem. Creio que Deus perdoe esse nosso ímpeto vingativo!

Alguma vez você já teve a sensação de que ser bom e bacana o prejudicou? De que são os espertos e golpistas que se dão bem?

Preocupa não… você não está sozinho! Em algum momento da sua vida, você sentir-se-á injustiçado e com aquela sensação de que foi bobo e ingênuo e que tem que parar de ser assim, daqui por diante.

Mas… você não acha que o mundo já anda muito cheio de malandragem e falsidade? E que a maldade é um meio que não justifica o fim?

Por isso, peço-lhe: aguenta firme aí, pois o mundo precisa é de pessoas boas, com coração limpo e desprovidas de interesses egoístas.

Se arquitetamos uma vingança e a colocamos em prática, talvez consigamos uma alegria breve e fugaz, que pesará nos corações e consciência por um bom tempo, pois não estamos acostumados a prejudicar ninguém!

Acredito, piamente, que DEUS é a melhor testemunha de todas; o travesseiro é o maior tribunal e a consciência, um júri implacável, cujo coração é o juíz.

Portanto, não perca o seu tempo focado na vingança, foque no que a vida está lhe dando, pois, às vezes, o que parece ser uma punição, na verdade é um enorme livramento.

A gente não entende de cara, demora um tempo para assimilar, mas lá na frente, vamos agradecer por termos nos livrado e aberto os olhos para a maldade alheia.

Quem dá troco é comerciante.

Se você “pagar na mesma moeda”, estará apenas  igualando-se ao seu ofensor.  Vai descer ao nível dele? Não… porque você tem, exatamente o que ele não tem e nunca terá: CARÁTER.

Então, deixe que ele siga, achando que se deu bem… Não somos nós que vamos cobrar essa dívida, é ela, a VIDA.

Ela não faz fiado. Ninguém sai deste mundo devendo a ela. Aqui fazemos e aqui mesmo pagaremos.

Quanto maior a subida, maior a conta e portanto, maior a queda lá de cima.

E vou lhe dizer, a vida não é muito sutil com os devedores.

Aparentemente pode estar tudo certo, você achando que ele o prejudicou e está ótimo vivendo feliz, mas… vai saber o que acontece na alma do sujeito… a vida tem várias maneiras de cobrar o “pagamento”, e, acredite, as piores maneiras são as interiores, aquelas que ninguém vê.

É o “você” com você mesmo; seus medos, suas angústias. É você virar o seu pior inimigo.

Eu já vi muita gente assim… que fez o que quis, sem pensar nas consequências, que passou por cima de muita gente só pensando no próprio benefício e que no fim das contas, conseguiu tudo o que jurava querer e foi essa, justamente, a grande desgraça de suas vidas. O cara queria muito dinheiro. Abandonou a família, traiu o melhor amigo, fez dívidas ao longo da vida e “cresceu”, “prosperou” e conseguiu muito dinheiro, e seu dinheiro o levou para a ruína, terminou sozinho e pobre. De afeto, de amor, de sentimentos.

O cara traiu a esposa, trocou a família toda porque não aguentava mais a “pressão” e anos depois, aquela família barulhenta e “chata”, era tudo que ele queria no seu leito de hospital.

A garota se casou por interesse. Queria status e fama. Terminou mentalmente doente. Famosa, rica e se odiando, por todos os dias da sua longa vida…

O pai rejeitou o filho e quis sumir no mundo. E conseguiu. Sumiu tanto que quando quis voltar, nunca mais se achou…

Às vezes, conseguir o que se quer é a grande “vingança” da vida.

Pessoas muito gananciosas são muito vazias por dentro. Precisam conseguir coisas a qualquer custo, pois são incapazes de conseguir por mérito próprio. Invejam a vida alheia, pois, no fundo, acham-se indignas da felicidade.

Por mais grana que consigam, são seres profundamente miseráveis.

Não vale a pena dar ibope a eles.

A melhor revanche para um ser sem luz é brilhar. É ser FELIZ e sorrir, quando nos desejam lágrimas! Felicidade é letal para os infelizes natos.

Continue no seu caminho. Continue confiando no Universo! Lembre-se: toda luz forte atrai mariposas, não é por isso que vivemos no escuro! Brilhe!

 

Bruna Stamato

 

 

Edif. Itabuna Trade Center- sala 911 e 912, Av. Princesa Isabel, 395, Banco Raso- Itabuna (BA).

CEP: 45.607-291 – Tel.: (73) 3212-7070 / 8882-8060

E-mail: clinica_persona@yahoo.com.br

Psicanálise do povo: sobre a formação de um analista negro.

Um dos temas discutidos sobre a questão do negro no Brasil apresenta a temática da descolonização do conhecimento como foco. Fala-se sobre a circulação do saber como estratégia de construção e reformulação social, tendo em vista a existência da desigualdade, sobretudo de raças, como papel de estruturação dos grupos sociais na pátria Brasil. 

Sob uma perspectiva foucaultiana¹, o dispositivo de domínio do saber é utilizado com equivalência em relação ao poder. Quem tem acesso e quem transita pelos lugares de saber, estabelece relações de domínio com aqueles que possuem sua ascendência ao saber barrada em sua trajetória. Quando se conversa sobre descolonização do saber, aborda-se a questão do acesso ao ensino de qualidade na educação de base (ensino fundamental e médio) e acesso as universidades públicas e privadas pela população de poder aquisitivo baixo majoritariamente negra. O que representa dizer que, quando olhamos para a questão do negro no Brasil estamos cuidando da questão do povo; da base da pirâmide de classes.

 Aproximar essas camadas da população à aquisição do conhecimento é ampliar e agregar a rede de construção de saberes, é permitir letramento à comunidade, é tornar pífio o dispositivo de opressão que o saber pode tornar-se. É distribuir o “lugar de fala”, como denuncia a socióloga Djamila Ribeiro².  O acesso à educação é estratégia de abalo às estruturas sociais existentes, e decadentes, que resultam em aumento da pobreza e aumento do sofrimento. Essa exclusão, na experiência de escuta de pessoas negras em consultório de psicanálise, é sentida como diferenciação e abismo social, é vivida como mal-estar e reflete em sofrimento psíquico intenso. Reedita no psiquismo a ancestralidade dos tempos de escravidão.

Nessa medida, surge aqui o pensamento sobre a psicanálise descolonizada. E porque não dizer, “enegrecida” uma vez que o avanço e a notícia de vanguarda trazida por ela também diz respeito ao sujeito negro. Não desde a origem desse saber, pois nasce no centro burguês e “embranquecido” no século XX – com a publicação da obra Interpretação do Sonhos (1900) –  , mas logo adiante na sua história, quando rompeu com as barreiras da cartografia e Sigmund Freud começou a estudar e construir produções teóricas que envolveram o surgimento das ciências dos povos tais como a Antropologia. Os temas sociais e culturais foram peça chave para a escrita do texto “Totem e Tabu” (1913), que inaugurou a escrita dos textos sociais e antropológicos freudianos. Esses textos oferecem faceta rica para a escuta do povo negro. E não só.  

Há na psicanálise aporte teórico do saber sobre as massas. Existe no seu seio a construção de conhecimento sobre o homem marcado pelo social. Quando se fala sobre sujeito, para a psicanálise, estão intrínsecos ao conceito os seus enodamentos com o laço social – conceito criado por Jacques Lacan a partir de Freud. Com a linguagem, o sujeito é marcado racialmente e fala a partir de um lugar.

Ao tratar da psicanálise na atualidade a historiadora e psicanalista Elizabeth Roudinesco no texto Retraimento individual e Mal-estar coletivo (1989) ³ diz: “a massificação do movimento psicanalítico é o produto de uma dupla revolução […] ligada a democratização da instituição escolar universitária, permitindo que outras camadas da população acendessem ao saber psicanalítico e […] ligada à história específica das instituições freudianas. ” (p.45). Essa última é referência às escolas de formação em psicanálise. E a autora continua dizendo que para a psicanálise existir é preciso “um ensino independente das demais instituições (médicas, universitárias, estatais, etc.), uma liberdade de fala e associação, e um reconhecimento “consciente” do inconsciente” (p. 46). É preciso um Estado de direito como afirma a historiadora. 

Ainda hoje no Brasil os negros têm dificuldade de acesso a esse saber seja na procura por tratamento seja na sua formação como analista negro. Apesar de Roudinesco defender que há muito a psicanálise deixou seu berço elitista, quando partimos para os grupos de analistas aqui no Brasil ainda existe um abismo a transpor. É preciso reconhecer o percurso dos analistas negros dentro das instituições de formação, é preciso abrir canais de escuta e abertura para a enunciação da fala negra. Do lado dos negros resistência e do lado dos brancos abertura para a escuta.

Se pegarmos a experiência da primeira mulher psicanalista no Brasil Virgínia Leone Bicudo (1910- 2003), negra e neta de escravos, notamos os impasses e muros que se apresentaram à sua formação nos anos 70. Com episódios de não citação do seu trabalho, episódios de esquecimento dos seus méritos e negação dos seus traços identitários. Em 1955, Virgínia participou de projeto intitulado Unesco-Anhembi que desconstruiu a tese do Brasil como um País de democracia racial; o seu trabalho aparece como apêndice da pesquisa e em segunda edição não é citado apesar de ser fundamental à compreensão do mito da democracia racial.

Virgínia Bicudo viveu os desafios da luta de gênero, pois mulheres não frequentavam os meios analíticos e do “preconceito de cor”, como a mesma se referia em relação ao racismo.  Seu trabalho “A incidência da realidade social no trabalho analítico” (1972) é referência nos estudos sobre psicanálise e questões étnico-raciais. 

Existe grande diferença entre saber enquanto matéria e o saber sobre o inconsciente. Jacques Lacan em 1964 no ato de formação da “Escola Freudiana de Paris” defende uma psicanálise ao alcance daqueles que a partir do Ato de envolver-se com o ensino proposto por Sigmund Freud são convocados ao trabalho analítico, no sentido da transmissão e do desejo de saber. Lacan (1964) afirma: “Desta fundação podemos destacar, antes de mais nada, a questão de sua relação com o ensino, que não deixa sem garantia a decisão do seu ato” (p. 242).

Existe uma relação entre o querer saber e o desejo do analista, como nos diz o psicanalista Marco Antônio Coutinho Jorge no texto O desejo de saber como laço entre analista: um comentário sobre a “nota italiana”³ diz: “o surgimento de um analista estaria intrinsecamente ligado ao despertar desse desejo de saber” (p.249). E, para Lacan, outro ponto chave para o percurso do analista é o laço entre os analista, por isso pensa seu ensino também articulado ao grupo. Envolvidos pela transferência de trabalho

A formação do analista passa pelo reconhecimento do grupo de um lugar de desejo. Um lugar de fala. E sobretudo um lugar de escuta.

 

¹ Michel Foucault (1926 – 1984) teórico da filosofia, história e psicologia. 

²  Djamila Ribeiro, O que é lugar de fala?, Belo Horizonte, Letramento, 2017

³ Marco Antônio Coutinho Jorge [organização], Lacan e a formação do psicanalistaRio de Janeiro, Contra Capa Livraria, 2006

LACAN, J. Ato de fundação. In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. 

 

 

Edif. Itabuna Trade Center- sala 911 e 912, Av. Princesa Isabel, 395, Banco Raso- Itabuna (BA).

CEP: 45.607-291 – Tel.: (73) 3212-7070 / 8882-8060

E-mail: clinica_persona@yahoo.com.br