É a sensibilidade da escuta de um outro que torna possível a construção das narrativas do sujeito. Um outro que lhe suponha um saber sobre aquilo que lhe diz respeito e não se exaspere em atribuir à esse dito os seus próprios sentidos.
Tomando emprestado um termo de Freud, penso que o analista é aquele que em muitos momentos se deixa “siderar” pela fala do sujeito, através de sua escuta. Já dizia Lacan: um analista não espera nada, mas aguarda, faz uma aposta para que novos significantes surjam e novas narrativas possam se construir.
Na clínica com crianças, principalmente as autistas, é isso o que torna possível o laço com o outro. Esse laço que só é possível quando há escuta. Uma escuta que ao invés de tolher o sujeito, dando-lhe regras e significantes rígidos, aguarda, abre espaço para a criação e aposta que dali, onde menos se espera, um sujeito pode advir.
Nesse sentido, aqueles que ditam as regras, ou treinam o sujeito, forçando uma forma para que ele se conecte ao mundo, se colocam no lugar de saber e retiram do sujeito a possibilidade dele construir _per si_ suas próprias narrativas.
Ouso dizer que sobre um dito há muito o que se dizer – ainda que a princípio não se compreenda nada – basta que haja escuta.
Luisa Vechi
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